Relato de Cintia Souza – Sobrevivente de um AVC Isquêmico

28 de junho de 2025
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Conversar com quem viveu na pele as consequências de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) é entender como a vida pode mudar em segundos — e como o acolhimento, a informação e o cuidado fazem toda a diferença na recuperação.

Neste depoimento para o “Saúde em 30 Minutos”, o Dr. Diógenes Zãn, diretor do Instituto Mente e Cérebro (IMCer), conversou com Cintia Souza, que compartilhou sua experiência como sobrevivente de um AVC isquêmico, vivido em 2013.

Os primeiros sinais

“Na semana do Natal de 2013, eu passei o dia na casa da minha mãe. Ao voltar para casa, estacionei o carro e caminhei até o portão. Quando olhei para trás, percebi que meu calçado havia ficado para trás — e eu não sentia que estava andando descalça.”

Foi aí que ela notou: estava perdendo a sensibilidade no lado esquerdo do corpo.

Cintia foi levada com urgência ao pronto-socorro mais próximo. Lá, recebeu oxigênio e ouviu do médico que provavelmente havia tido um AIT — um Acidente Isquêmico Transitório. Foi liberada para ir para casa, com orientação de manter observação.

Ainda naquela semana, a família seguiu com os planos de viajar para o Espírito Santo para o réveillon. Mas, no momento em que se preparava para a celebração, enquanto tomava banho, Cintia teve uma nova crise, ainda mais intensa: “Comecei a entortar toda, a perder os movimentos e a fala.”

O atendimento médico que recebeu na ocasião não foi adequado. Foi tratada como se estivesse passando por uma crise nervosa. Voltou de ônibus para sua cidade, sem conseguir andar, sem falar e com o corpo comprometido.

A tomografia confirmou: Cintia havia sofrido um AVC isquêmico, com múltiplos focos.

O que é o AIT?

Durante a conversa, o Dr. Diógenes fez um esclarecimento importante: “O AIT, ou Acidente Isquêmico Transitório, é como uma ameaça de AVC. A artéria entope, mas volta a abrir sozinha. É um sinal de alerta. E precisa ser levado a sério.”

Nunca imaginei que aconteceria comigo

Em um momento da entrevista, o Dr. Diógenes perguntou:  — “Passava pela sua cabeça que isso podia acontecer um dia contigo?”

A resposta de Cintia foi direta e comovente: “Nunca. A gente nunca está pronto, nunca está preparada. Pensar em passar por uma coisa dessas… nunca.”

Ela reforça que, hoje, entende melhor a importância de cuidar dos chamados fatores modificáveis, como pressão alta, sedentarismo, colesterol, alimentação e tabagismo.
“Se existem fatores modificáveis, vamos cuidar deles. E é por isso que eu quero levar essa conscientização aonde eu puder.”

Ela ainda faz um alerta importante: “Talvez por existirem esses fatores, os gestores públicos não tratem o AVC com a seriedade que deveriam. Mas não dá pra essa doença continuar na invisibilidade como está — causando tantas mortes e deixando tantas pessoas fora do mercado de trabalho.”

O Dr. Diógenes complementa com dados importantes: “O AVC continua sendo a principal causa de morte e de sequelas no nosso país. Temos política pública desde 2012, aprovada pelo SUS, mas infelizmente o acesso ao tratamento é uma realidade para poucos. Mais de 98% das pessoas que sofrem um AVC no Brasil não conseguem acesso ao tratamento adequado.”

Os desafios da recuperação

A fase após o AVC foi uma das mais desafiadoras para Cintia e sua família.

Ela passou quatro meses com comprometimentos severos, como perda da coordenação e da noção espacial dentro de casa. “Eu não conseguia segurar um garfo para levar comida à boca. Perdi todos os movimentos do lado esquerdo do corpo.”

A reabilitação envolveu muita fisioterapia. No entanto, como ela mesma relata, a parte emocional não recebeu o mesmo cuidado: “Não fiz nenhum tratamento psicológico. E isso é o que mais me cobra até hoje.”

Cintia enfrenta a depressão desde então e faz uso contínuo de antidepressivos há quase 12 anos.

Quando um sobrevivente de AVC nasce, uma família de sobrevivente também nasce

Além dos impactos físicos e emocionais, Cintia reforça algo que muitas vezes é esquecido: o impacto na família. “Quando nasce um sobrevivente de AVC, nasce também uma família de sobreviventes. E nascem cuidadores. É muito difícil.”

O acolhimento familiar e o suporte psicológico são elementos fundamentais no processo de reabilitação e na qualidade de vida de quem sobrevive a um AVC.

Depoimentos como o da Cintia são essenciais para reforçar o olhar humano, integral e preventivo sobre os AVCs — uma das principais causas de incapacidade no Brasil e no mundo.

Informação, atenção aos sinais e suporte contínuo são chaves para salvar vidas e reconstruí-las com dignidade.

👉 Assista ao bate-papo completo entre o Dr. Diógenes Zãn e Cintia Souza no canal do YouTube do IMCer e entenda mais sobre os desafios e aprendizados de quem vive após um AVC.



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Diretor técnico:
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