Atividade física no trabalho: é suficiente para cuidar da saúde?

É muito comum ouvirmos de pacientes frases como: “Mas doutor, eu limpo a casa o dia inteiro” ou “Eu ando o dia inteiro no meu trabalho”.A dúvida que surge é: essas atividades contam como exercício físico? Elas são suficientes para manter a saúde em dia?
Atividade física e exercício físico: não são a mesma coisa
O primeiro passo é entender a diferença entre atividade física e exercício físico.
- Atividade física é todo movimento corporal que gera gasto calórico, mesmo que não tenha uma finalidade específica de saúde ou estética. Exemplo: subir escadas no trabalho, caminhar para ir ao ponto de ônibus, varrer a casa ou fazer jardinagem.
- Exercício físico, por outro lado, é uma atividade programada e estruturada, feita com objetivo definido — como ganhar massa muscular, perder peso ou melhorar o condicionamento físico. Ele exige um tempo separado na rotina e uma intenção clara.
Ambos são benéficos e importantes. Não adianta ser uma pessoa extremamente ativa no dia a dia e nunca se exercitar de forma estruturada — assim como também não é ideal treinar todos os dias, mas passar o restante do tempo completamente sedentário.
Atividades no trabalho têm seus benefícios, mas não substituem o exercício físico
Trabalhos que exigem movimentação — como caminhar bastante, ficar em pé, carregar peso ou realizar tarefas manuais — geram benefícios para a saúde. No entanto, isso não é o mesmo que praticar exercício físico.
Por quê? Porque, para que haja um ganho cardiovascular ou metabólico significativo, o corpo precisa atingir um nível de esforço em que a frequência cardíaca se eleva de forma contínua, como ocorre numa corrida, numa aula de ginástica ou na musculação.
Ou seja: atividade física no trabalho ajuda, mas não é suficiente sozinha para obter todos os benefícios que o exercício físico oferece.
Empresas já reconhecem a importância do movimento
Hoje, muitas empresas já começam a repensar a forma como estruturam os ambientes de trabalho. Estudos mostram que ficar sentado por longos períodos está associado a maior risco cardiovascular ao longo da vida, se comparado a quem se levanta com frequência ou passa mais tempo de pé.
Por isso, há uma tendência crescente de promover pausas ativas, remover cadeiras em ambientes onde o tempo sentado é excessivo e estimular os funcionários a se movimentarem durante o expediente.
Esse tipo de iniciativa mostra que tanto a atividade física quanto o exercício físico precisam coexistir — não basta se exercitar uma hora por dia e passar o restante das 23 horas em inatividade total, nem contar apenas com o movimento do trabalho e ignorar a importância dos treinos planejados.
Este texto foi baseado na conversa entre o Dr. Diógenes Zãn e o Dr. João Eduardo Tonini Bastianello, no primeiro episódio do podcast “Saúde em 30 minutos”, do IMCer. A conversa completa está disponível no YouTube: https://www.youtube.com/@IMCerEducacao