Por que deixamos o autocuidado para depois?

Em meio às exigências do trabalho, da família, dos estudos e das inúmeras obrigações do dia a dia, o cuidado consigo mesmo acaba sendo constantemente deixado em segundo plano. Mas por que isso acontece? E mais importante: o que realmente significa “autocuidado”?
O que é, afinal, autocuidado?
O termo parece simples — cuidar de si — mas, na prática, vai muito além. Autocuidado é um investimento contínuo no nosso bem-estar físico, mental e social. É o que nos prepara para enfrentar as pressões do cotidiano com mais equilíbrio e saúde.
Mesmo sabendo disso, é comum esquecermos de nos cuidar, como se essa tarefa fosse menos urgente ou menos importante do que nossas outras responsabilidades.
Três dimensões do autocuidado
1. Saúde mental
Com a crescente valorização da saúde emocional, práticas como terapia, ioga e meditação vêm ganhando destaque. Elas ajudam a desacelerar a mente e a lidar melhor com o estresse, sendo formas essenciais de autocuidado. Cuidar da saúde mental é reconhecer que precisamos de tempo para entender e acolher nossas emoções.
2. Saúde social
Autocuidado também é fortalecer nossos vínculos. Sair com amigos, fazer uma viagem, ter um jantar agradável com a família — essas experiências afetam diretamente nossa sensação de pertencimento e bem-estar. Cultivar relações saudáveis é uma forma poderosa de se cuidar.
3. Saúde física
A prática de exercícios, a alimentação equilibrada e até mesmo o sono de qualidade são partes fundamentais do autocuidado físico. Quando nos movimentamos e cuidamos do corpo, também impactamos positivamente nossa autoestima, disposição e saúde a longo prazo.
O dilema do tempo (ou da falta dele)
Vivemos em um mundo acelerado, cheio de estímulos e cobranças. Queremos aprender mais, produzir mais, estar sempre atualizados. Muitos profissionais, como médicos, têm rotinas intensas, com agendas lotadas, consultas em sequência e mensagens de pacientes chegando a qualquer momento.
Nesse ritmo, o tempo para si mesmo parece inexistente. Mesmo atividades simples como uma caminhada ou uma sessão de terapia são deixadas para depois — ou sequer são reconhecidas como formas de autocuidado.
Já estamos nos cuidando — mas sem perceber
É curioso perceber que, muitas vezes, já estamos praticando o autocuidado sem saber. Terapia, atividade física, momentos com a família — tudo isso faz parte. O problema é que não reconhecemos essas ações como parte de um processo de cuidado pessoal. Essa falta de consciência nos distancia ainda mais de uma rotina equilibrada.
O que realmente importa?
Se o dia tivesse 28 ou 30 horas, provavelmente continuaríamos dizendo que “não temos tempo”. O desafio não é encaixar o autocuidado na rotina — é reconhecê-lo como uma prioridade. Quando paramos para refletir sobre o que realmente faz sentido para nós, percebemos que cuidar de si não é um luxo, mas uma necessidade fundamental.
Este texto foi baseado na conversa entre o Dr. Diógenes Zãn e o Dr. João Eduardo Tonini Bastianello, no primeiro episódio do podcast “Saúde em 30 minutos” do IMCer. O episódio completo está disponível no YouTube: https://www.youtube.com/@IMCerEducacao