Suplemento alimentar, creatina e hormônios: qual a diferença e os riscos envolvidos

Cada vez mais pessoas fazem uso de suplementos, vitaminas, creatina e até hormônios com a intenção de melhorar a performance física, a estética ou a saúde em geral. Mas é importante separar o que realmente faz parte de um cuidado com o corpo do que pode representar um risco.
Existe uma diferença clara entre suplementos alimentares e hormônios. Suplementos como whey protein, por exemplo, são derivados de alimentos — no caso, uma proteína do leite isolada — e podem ser utilizados para complementar a ingestão de proteínas ao longo do dia. O mesmo vale para a creatina, que apesar de ainda ser alvo de muitos mitos, já se sabe que seu uso não causa sobrecarga ou insuficiência renal em pessoas saudáveis, desde que seja feita dentro das doses recomendadas.
Suplemento é uma coisa. Hormônio é outra.
O problema está quando essas substâncias são confundidas com hormônios e esteróides anabolizantes — as chamadas “bombas”. O uso dessas substâncias é completamente diferente. Hormônios são fármacos que devem ser prescritos apenas por médicos, endocrinologistas ou nutrólogos. São profissionais que têm formação adequada para avaliar se existe realmente uma indicação clínica, e qual é a dose e o tempo de uso corretos.
Hoje, muitos atletas, especialmente os do fisiculturismo, usam anabolizantes com a finalidade de ganho de massa muscular. Quando esse uso é acompanhado por um profissional, os riscos podem ser minimizados. Mas o uso sem prescrição representa um grande perigo.
Efeitos rápidos, riscos duradouros
O uso de hormônios pode, sim, gerar efeitos estéticos rápidos, o que acaba agradando muitos pacientes — e até motivando alguns profissionais a prescreverem com mais frequência. Porém, esse efeito rápido tem um custo: os efeitos colaterais, que variam conforme a substância, dose e tempo de uso. Assim como qualquer remédio, os hormônios não são inofensivos e devem ser tratados com cautela.
Segundo endocrinologistas, são raras as situações em que há uma real indicação formal para o uso de esteroides. Mesmo assim, muitas pessoas acabam utilizando essas substâncias por conta própria ou junto com “combos” de suplementos, o que aumenta ainda mais a confusão entre o que é seguro e o que não é.
Anabolizantes não são sinônimo de autocuidado
Há quem associe o uso de anabolizantes com autocuidado, mas isso é um equívoco. Nem tudo que traz sensação de bem-estar é realmente saudável. Beber para se sentir mais sociável, por exemplo, pode parecer algo positivo, mas, na realidade, pode indicar um hábito prejudicial. O mesmo vale para o uso indiscriminado de hormônios. É preciso saber diferenciar o que, de fato, traz benefícios à saúde do que apenas entrega resultados rápidos, mas pode causar danos no longo prazo.
Este texto foi baseado na conversa entre o Dr. Diógenes Zãn e o Dr. João Eduardo Tonini Bastianello, no primeiro episódio do podcast “Saúde em 30 minutos” do IMCer. O episódio está disponível na íntegra no canal do YouTube: https://www.youtube.com/@IMCerEducacao.